segunda-feira, agosto 13, 2007

AH, O FLA-FLU...


Bastou uma caminhada despretensiosa pela orla do Leblon nessa manhã de segunda-feira para comprovar com meus próprios olhos que a minúscula torcida do Florminense continua a mesma. Foi só o acaso proporcionar uma vitória acidental, em que foram necessárias as macumbas combinadas de Sobrenatural de Almeida, Gravatinha e Grã fina com Narinas de Cadáver (e contra um adversário que não ganha de ninguém fora do seu acanhado campinho de pelada) para que as horríveis e antiestéticas vestimentas tricolores saíssem dos armários (sem duplo sentido) onde se escondiam há semanas.Não é preciso ser formado em sociologia com doutorado em Desvios Comportamentais do Terceiro Sexo para concluir que pelo andar saltitante e pela gesticulação inortodoxa dos indivíduos que portavam o feio pano de chão enquanto maculavam a beleza natural de um dos nossos mais espetaculares cartões postais, que os malucos de Laranjópolis estão empolgadinhos e certos de uma vitória sobre o Mengão na quinta-feira. Hahahaha (gargalhada grotesca mode on)!Felizmente vivemos tempos de tolerância e respeito às diferenças e enquanto eles estivessem apenas rebolando no calçadão e fazendo previsões cor-de-rosa nada poderíamos dizer. Mas essa empolgação inexplicável provoca nos tri-rebaixados arroubos oratórios que merecem algumas rápidas respostas a guisa de lembrete. Esgrimindo com estatísticas mais fajutas que o convite feito pela CBF que os habilita a disputar o Brasileiro entre os grandes clubes da Primeira Divisão, os sofredores do Terceirense andam por ai se gabando de que não perdem há anos para o Império do Mal (é como somos conhecidos em seus pesadelos). Bazófias. A verdade é que o preclaro tricolor Nelson Rodrigues tinha toda a razão ao afirmar quando ninguém estava olhando: “Nem todo tricolor gosta de apanhar. Só os normais.”A sabedoria popular diz que pretensão e água benta cada um toma quanto quer e a vontade muito humana de querer se enganar não conhece limites. Ao longo dos 93 anos de rivalidade a história vem se repetindo com uma impressionante previsibilidade. Toda vez que o Fru enfrenta o Flamengo achando que vai se dar bem acaba levando sacode. Quem não se lembra daquela piada de 2004 dos galácticos com Vomário e Assassino sendo empalados sem procedimentos cirúrgicos duas vezes pela mulambada comandada pelo possesso Felipe Sangue-Ruim em pleno Maracanã?Ainda que por modéstia desprezemos a fria estatística dos confrontos diretos, onde a nossa vantagem de 11 vitórias fala por si, como rubro-negros amantes da verdade e casados com a precisão temos o dever de destacar que desde 1915 o impiedoso ataque do Flamengo já arrombou a meta da decadente agremiação burguesa 541 vezes, o que nos proporciona o folgado saldo de 46 gols no cotejo com o Flor. No Flamengo eles já não são fregueses, são clientes especiais que não ficam em pé na fila, providenciamos tudo para que sejam sempre atendidos sentados.Na quinta-feira mais uma vez teremos oportunidade de comprovar a eterna repetição da História e assistir a mais uma vitória tranqüila e necessária do Flamengo sobre o Fru. Mas nessa subida inevitável em direção aos píncaros da tabela do Brasileiro é bom que Joel Cachaça e seus comandados fiquem espertos. Como já dizia o grande pensador e pequeno centroavante Jardel Cabeção: Crássico é crássico. E vasco-versa.