Time Guerreiro na Altitude

O Flamengo jogou com muita garra no inicio de sua caminhada rumo ao sonhado bicampeonato da Libertadores. Nesta quarta-feira, na Bolívia, numa altitude recorde de quase 4.000 metros, o time sofreu com o ar rarefeito, levou dois gols, mas se superou no segundo tempo e arrancou um empate heróico por 2 a 2 com o Real Potosí-BOL, na sua estréia no torneio.

Desde o início, o time boliviano apostou nos cruzamentos para a grande área para chegar ao gol. Mas foi pelo chão que a equipe da casa abriu o placar, com um golaço do atacante brasileiro Edu Monteiro.

Apesar de não mostrar tanta falta de fôlego no primeiro tempo, o time do Flamengo teve muita dificuldade para se adaptar à maior velocidade da bola na altitude. Com isso, os jogadores erraram muitos passes e chutaram várias bolas longe do gol. Aos 43min, o Real Potosí ampliou com Aguilera, aproveitando falha da zaga rubro-negra.

Mas o Flamengo voltou melhor para o segundo tempo e diminuiu logo aos 3min, com Roni, de cabeça, aproveitando cruzamento da esquerda em cobrança de falta.

Em jogada idêntica, Obina igualou o marcador.

No final, o goleiro Bruno desabou no gramado passando mal, enquanto Claiton, Renato Augusto, Paulinho e Moisés precisaram ir à beira do gramado receber oxigênio."Só quem veio sabe a dificuldade de jogar aqui. É difícil para respirar e, para complicar ainda mais, teve a chuva e o frio. Mas a equipe foi guerreira. Com esse espírito, a gente pode ir longe na Libertadores", comentou o atacante Roni, festejando o ponto conquistado em condições tão adversas, em entrevista à TV Globo.

Com o empate heróico, o Flamengo divide a liderança do grupo 5 da Libertadores com o Real Potosí-BOL, com um ponto.

Considerada uma das cidades mais altas do mundo, Potosí chega a ter mais de 4.000 metros de altitude, mas o estádio onde foi realizada a partida - que mais parecia um canteiro de obras por reformas inacabadas e tem um gramado muito ruim - fica a 3.850.

De qualquer forma, nenhum time brasileiro jamais havia jogado tão alto. O que chegou mais perto foi o São Paulo, que enfrentou o também boliviano San José, em Oruro, a 3.700 metros de altitude, na Libertadores de 1992.

Com isso, o Flamengo sentiu bastante os efeitos da altitude - provocados pelo ar rarefeito - no segundo tempo e não teve forças para buscar a vitória no alto da Cordilheira dos Andes.